7 de novembro de 2017

Uns dias no fresquinho

Hoje finalmente posso vir dar as boas notícias. Tenho os embriõezinhos já congelados, foram esta tarde. Os que foram colhidos no dia da punção evoluíram bem. Não são muitos, acho que já tinha comentado isso aqui no blog, mas são os necessários. Até se fosse só um já era uma vitória. Finalmente, depois de uns dias de ansiedade para ver no que isto resultava, temos uma sensação de esperança renovada e mais forte.

Já é mais um passinho em frente nesta caminhada. Agora tenho de me focar em mim e na preparação do meu endométrio. O médico mandou-me fazer ioga e disse que umas sessões de acupunctura também ajudavam. 

Ioga, já pratiquei, e já falei com o instrutor a explicar a minha situação e a dizer que vou voltar. Assim ele pode escolher esquemas que sejam mais adaptados a mim e à minha situação actual (sim, ele faz isso, mesmo que uma pessoa tenha de fazer posturas ligeiramente diferentes de todos os outros alunos, por isso gosto tanto das aulas com ele). 

Acupunctura, também já tinha pensado nisso. Andei há uns tempos atrás a fazer tratamentos para outros problemas, e sempre ajudou imenso. Por isso também estou tentada a, pelo menos, perceber o que pode ser feito.

Não tenho muito mais para partilhar hoje. Estou a aguardar a próxima consulta para perceber exactamente o que se vai passar daqui para a frente. Comecei já o Provera, para dar início a um novo ciclo, por isso já estamos a começar uma nova fase desta caminhada.

Quando houver mais novidades, ou quando quiser simplesmente escrever sobre algo relacionado, venho aqui actualizar-vos.

5 de novembro de 2017

Dia 2

Ontem fiz a punção. Às 9h lá estavámos, eu e o S., ele sempre calmo, e eu com os nervos em franja. Nunca tinha feito qualquer cirurgia, não sabia como é que iria reagir à anestesia, nunca tinha feito aquele procedimento. Li algumas coisas, falei com pessoas que já fizeram punção, e vi vídeos do que acontece no procedimento, mas estarmos nós na sala de bloco operatório é sempre diferente.

Depois de responder às perguntas da enfermeira, vesti a bata de bloco e a touca, e lá entrei na sala, ainda mais nervosa. Quando já estava deitada, começo a ouvir o que se passa à minha volta, sem falar muito com eles. A certa altura, já com o propofol (sedação) a correr, eu penso para mim "Isto não está a resultar, não estou a adormecer. Vou contar até 10 para ver se ajuda". Lembro-me de ter contado até 3, e depois disso só me lembro de os ouvir chamar por mim, já eu estava no recobro. A parte chata foi o primeiro levante, em que eu, como enfermeira que sou fui contra tudo o que sei, e me levantei um bocadinho depressa demais e vi tudo andar à roda. Depois de estar sentada no cadeirão, comi umas bolachas e bebi um chá, que me souberam pela vida!

Pronto, simples assim. Nada do bicho de sete cabeças que às vezes fazemos disto (como eu fiz). O obstetra ainda foi falar comigo, mas eu estava meio para o outro lado, e falou com o S. Hoje e amanhã será feito contacto para ver como os embriõezinhos se estão a desenvolver. Depois disso, serão congelados até Dezembro. Não foram muitos os que maturaram, por isso espero que se consigam congelar todos.

Acho que o pior disto tudo foi a fome. Eu gosto de comer. Não me bastava o jejum de pré-operatório, como, durante o resto do dia, tive de ingerir maioritariamente líquidos e coisas mais ligeiras. Quis comer uma sandes ao jantar, e fiquei com náuseas. Comia a sopa ou bebia água mais rapidamente, ficava nauseada. Mas acredito que isto nada tem a ver com a punção/anestesia em si, mas sim com os comprimidos de cabergolina que estou a tomar. Tomei ontem, e tomo hoje, e, como o médico tinha dito, tem efeitos secundários estranhos, como tonturas, sensação de mau-estar geral, inchaço abdominal.

Hoje começo já a Provera, para provocar a menstruação. Era só para iniciar terça, mas ele ontem disse para começar já. Assim, pelo menos, o meu endométrio também começa a ser preparado mais rapidamente. Acredito que todos os dias contem para a preparação para a nidação quando for a altura da TEC.

Para já é tudo. Desejem-se sorte, para ter boas notícias em relação aos embriõezinhos que estão neste momento já a ser preparado, e que este mês passe rápido!

2 de novembro de 2017

Contagem decrescente: punção (colheita)

Hoje vim da consulta com um sentimento de dualidade... Vou contar primeiro o que se passou, e depois explico o que sinto.

Os meus ovários estão bem, e continuam com lindos folículos, que cresceram bem. Portanto, luz verde para a punção de colheita de oócitos, que está já agendada para sábado, às 09h30. Até aqui eu já dava pulinhos de alegria.

O problema agora é o endométrio. Com a hiperestimulação dos ovários provocada pela medicação, o endométrio também acabou por ficar hiperestimulado, não sendo, neste momento, um meio ideal para a nidação dos bebés. Com isto fiquei triste, como devem calcular, apesar de, em parte, já estar à espera, visto que ele me tinha alertado para tal na última consulta. Os embriões serão congelados, para ficarem prontinhos para mim. Entre domingo e terça, todos os dias, vão estar em contacto comigo para eu ir sabendo a evolução dos pequeninos (quantos fecundaram, em que fase estão, quando são congelados, etc.).

Por isso o plano é o seguinte: vou fazer a punção no sábado, e durante 2 a 3 dias (portanto, até segunda) vou ficar mais sossegadinha, porque inclusive vou ficar com dores (afinal, é um procedimento invasivo). De sábado até segunda, inclusive, vou tomar um comprimido de cabergolina por dia. Não fiquei a perceber muito bem a razão específica, sou sincera, porque fiquei com a cabeça a andar a mil à hora. Pelo que percebi esta medicação (muito usada inibição da lactação; desta parte eu sabia por ter estudado na faculdade), é também usada em situações como amenorreia e anovulação, sendo utilizada por vezes em situações de infertilidade.

Portanto, durante 3 dias tomo um comprimido destes, que acho que dá um mau-estar horrível, incluindo tonturas, e outros que tais, sendo por isso mesmo recomendado que eu fique o mais quietinha possível.

Depois, na terça, começo novamente com o esquema de Provera que fiz no início deste mês, ou seja, dois comprimidos por dia, durante 10 dias. A menstruação irá aparecer poucos dias depois de terminar o esquema, e antes disso vou a uma consulta, para ver como isto está a correr. Isto deve ser lá para dia 18 a 20 de Novembro.

Por último, faço uns dias de medicação específica para a preparação do endométrio, que eu não sei qual é, e dia 4 de Dezembro posso partir para a transferência dos embriõezinhos! Ele ainda me perguntou se eu queria esperar por Janeiro, visto que há pessoas que preferem esperar pelo novo ano, mas eu disse logo "não, não, se não houver problema, é já em Dezembro!". Como não há diferença, é só mesmo uma questão de preferência e organização dos papás, estou a apontar mesmo para essa data, entre 4 e 5 de Dezembro.

Pronto, foi isto que se passou. Saí de lá feliz porque está tudo a correr como ele esperava, mas claro que mantive a esperança de fazer já o procedimento todo este mês até ele me dizer que não, por isso metade de mim ficou triste.

Claro que ter datas definidas é uma mais valia, porque mostra que ele sabe o que faz e que sabe os efeitos que a medicação têm. A verdade é que tudo tem acontecido como ele tem dito. Se ele me dissesse "depois vemos como corre" eu ficava desolada. Mas eu sei que ele tem muita experiências, já foi ele que fez o "meu" parto quando nasci, e sei de várias situações de sucesso seguidas por ele, e por isso confio totalmente.

Quando contei ao S. acho que ele ficou com o mesmo sentimento que eu... Mais um mês à espera, mas pronto, que seja pelo melhor. Não vamos ter pressa, nestas situações não vale mesmo a pena.

Sexta-feira não devo escrever. Assim que me sentir confortável após a punção de sábado, conto-vos as novidades.

Pensamento positivo

Hoje vou a nova consulta, e, se tudo correr como até agora, sábado estamos a fazer a colheita. Estou ansiosa, não pelos ovários, que costumam ser o principal problema, mas desta vez pelo endométrio.

Estou ansiosa porque ainda tenho um bocadinho de esperança que o médico me diga que afinal o endométrio está preparado, e não tenho de esperar pelo próximo ciclo para passar à transferência. Sim, eu sei, não é assim tanto tempo e parece que passa num instante. Mas não eram boas notícias?

Claro que prefiro esperar mais umas semanas para ter uma gravidez de sucesso à primeira. Para isto, confio no meu médico, que anda a tomar todos os cuidados para que tudo corra como deve ser, com todos os cuidados que se devem ter nestas situações, indo a cada pormenor. Conheço histórias de mulheres que fizeram FIV sem preparação do endométrio, e não correu bem, e eu sei que este tem um papel fundamental, por isso aquilo que posso fazer é desejar é que ele esteja óptimo, e se não estiver, cumprir a medicação que depois me será dada para o tornar propício aos meus bebés.

Infelizmente, quase nada nesta vida me foi dado de mão beijada. Sempre tive que sofrer um bocadinho, crescer um bocadinho, começar a ver as coisas com outros olhos, e aí sim, as coisas começam a correr como eu quero, e parece que tudo o que está para trás não teve importância a não ser para me fazer crescer. E às vezes é mesmo assim, porque a ansiedade é tramada. O que eu peço é que o caminho difícil tenha sido este, até agora. Que a partir de agora as coisas continuem a encaminhar, e quer seja agora ou daqui a umas semanas, eu consiga engravidar à primeira tentativa com a FIV, e que a gravidez seja tranquila, que os bebés fiquem bem e nada de mal aconteça nem a mim nem a eles.

Entre esta noite e amanhã de manhã, venho dar notícias.

31 de outubro de 2017

Mais um passinho em frente

Como disse, ontem fui à consulta. Saí de lá animada, embora nem tudo seja 100% boas notícias, também não posso dizer que hajam más notícias propriamente ditas. 

Estou um pouco cansada, é só isso.. cansada porque há pouco mais de um anos atrás, supostamente estava tudo bem com a ecografia endovaginal, que não revelava quaisquer alterações nos ovários. Eu não menstruava, mas se estava tudo bem, fiquei calma. Depois disso, fiz vários testes de gravidez... três, para ser mais precisa... Afinal, quando falha a menstruação, é possível que a mulher esteja grávida, certo?

Em Janeiro, cansada da situação, resolvi procurar outro medico. Ele não precisou  se muito para saber o que se passava, bastou praticamente estar atento aos sintomas que eu descrevia, e depois confirmou com ecografia. Em Janeiro descobri que, afinal, tenho ovários poliquísticos. 

Pronto, não era o fim do mundo. Fiz 4 meses de Diane 35 para regular os ciclos e "limpar" os ovários. Esta pílula é uma bomba... Sofri alterações de humor, ao ponto de haver dias em que não me reconhecia no meio daquela constante montanha-russa...num momento estava muito bem, e de repente dava por mim a gritar irritada por coisas de nada, mas segundos mais tarde chorava como se não houvesse amanhã; o meu corpo sofreu alterações também visíveis, como pernas pesadas e cansadas (às vezes custava-me mesmo andar), ganho de peso, cefaleias intensas... Mas pronto, era tudo para ficar bem, para dali a pouco tempo conseguir ter o meu feijãozinho na barriga. 

Fiz 3 tratamentos hormonais, e nada. A cada testes negativo eu venho cada vez mais ao fundo. Não há mesmo muito que se possa dizer a uma mulher que passa por isto, um abraço e deixar chorar até ter deitado tudo cá para fora é mesmo o melhor remédio para mim. 

No mês passado resolvemos fazer a histerossalpingografia, porque o tratamento não resultava, e os ovários estavam bem. Pensei que fosse por causa da ansiedade, dos turnos rotativos, dos esforços, mas afinal não, tenho ambas as trompas obstruídas. Com isto, resta-me a FIV. Nesse dia saí com a sensação de que de cada vez que dava um passo para a frente, passado pouco tempo voltava a andar para trás.

Sim, saí hoje com boas notícias. Não tenho muito folículos (5 ou 6 em cada ovário), mas estão todos do mesmo tamanho, o que significa que estão a maturar ao mesmo tempo e estarão prontos para a colheita na mesma fase, e assim posso colher todos, sem deixar "morrer" nenhum porque maturou numa fase diferente dos outros. 

Sim, em princípio sábado (hoje é terça) é dia para a colheita. Está tudo a correr bem e depressa. Mas o endométrio está a sofrer com esta hiperestimulação... Não sabemos se estará preparado, e se não estiver, congelam-se os embriões para eu ter tempo de fazer mais medicação, desta vez para o endométrio (já fiz uma vez), e só depois se procede à transferência. 

Ok, já não falta tudo. Está tudo a correr bem, dentro das dificuldades todas que tive, e não é por mais uns dias que vou desesperar. Mas estou cansada deste processo todo, que começou por ser "nada", para o que é agora.

Tenho tanto a agradecer às pessoas que me têm apoiado. Ontem depois da consulta o meu telemóvel encheu-se de mensagens e telefonemas para saber como tinha corrido. É nestas alturas que vemos quem se preocupa connosco, e graças a Deus que eu tenho tido muita gente a dar-me força. Eu também não sou uma pessoa muito fácil, e por vezes é difícil deixar "entrar" alguém nos meus sentimentos e emoções, porque eu ajo como se estivesse tudo bem mesmo quando não está, não estico o assunto mesmo quando me fazem perguntas, e não é por não querer ou não precisar de falar.

Espero que dê resultado à primeira... espero isto com todo o meu ser, para começar uma nova etapa há tanto desejada.

De resto, aquilo que peço é, do fundo do coração: esteja já pronta para a transferência da FIV para a semana, ou tendo de esperar mais um bocadinho, só quero duas coisas, do fundo do coração: ter uma gravidez sem problemas, e também que o meu bebé (ou bebés) seja saudável. O resto... O resto vou aguentando.

30 de outubro de 2017

É hoje...

Acordei cedinho para as análises, e à tarde tenho a consulta. Ao final da tarde ou amanhã escrevo o que se passou. Não posso deixar de estar ansiosa e na expectativa.

Desejam-me sorte, para que esteja tudo a correr bem.

28 de outubro de 2017

Uma semana já está

Ontem foi o último dia da menstruação. Tenho-vos a dizer que esta semana foi complicada, porque todos os dias eu tinha muitas dores menstruais, como referi no post anterior. Hoje sinto-me melhor, mas já não sei se é da minha cabeça, de vez em quando continuo a sentir desconforto abdominal.

Estou desejando que chegue segunda-feira, para dar mais um passo em frente para a FIV. Já passei a fase de andar a pesquisar como é que se faz vezes e vezes sem conta. Já li muitos testemunhos de mulheres que também fizeram ou vão fazer FIV. Agora quero relaxar um bocadinho, e não pensar muito nisto. Acho que li tanta coisa que começou a aumentar a minha ansiedade. É bom sabermos os vários cenários possíveis para estarmos o mais preparados possível para o que pode acontecer, mas cheguei a um ponto em que se leio de mais histórias sem sucesso, sinto lágrimas nos olhos. Por isso, vou aproveitar o fim-de-semana para namorar muito e descansar a minha cabeça de tudo o que fui apreendendo ao longo destes dias. Confio muito no meu médico, e acho que isso é extremamente importante. Tenho um bocadinho de medo da sedação para a recolha, mas vou confiar que tudo vai correr bem. Afinal, eles sabem o que estão ali a fazer.

Agora que tenho menos dores, também vou andar mais animada, espero eu. Já me sinto com mais força para começar uma vida mais normal aqui em casa. Ontem, que as dores já estavam mais controladas, fiz o jantar (uma massada de carne picada, com ervilhas e tomate aos cubos) e ainda uma mousse de chocolate para sobremesa. Aprendi uma coisa sobre mim ao longo dos anos: se estou a cozinhar, é porque estou feliz. Adoro cozinhar, e até considero terapêutico.

Bem, por agora é tudo. Segunda-feira trago mais novidades.

27 de outubro de 2017

Manter a sanidade mental

Desde que esta semana começou que tenho andado com mais dores. Eu sempre tive muitas dores menstruais, e quando comecei a tomar a pílula, ainda em adolescente, foi exactamente para atenuar estes sintomas.

Nos últimos dias quase não largo o sofá nem o saco de água quente, que é o que mais me ajuda no alívio destas dores. A ajudar, tenho uma brutal tendinite no meu braço direito... Boa?! Mas desta última parte estou a melhorar de dia para dia, visto que até tenho andado mais em repouso.

Hoje até acordei bem. Sentia algum desconforto abdominal mas nada de especial. Fiz a minha vidinha cá por casa, e senti que o pior tinha passado. Cerca das 14h, novamente um dor que chega a parecer cólica renal (não é... já tive, e noto diferença). Lá voltei eu de saco de água quente para o sofá.

Já marquei as análises para segunda-feira e também a consulta com o obstetra. Espero trazer boas notícias, embora não saiba muito bem o que será, visto que só fiz a injecção de Enlova e ando a tomar Decadron. O resto da medicação é para iniciar só para a semana.

Sei que preciso de me ocupar. Com o ritmo que costumo ter, nem uma semana tenho de baixa e já começo a querer inventar coisas para fazer. Ontem uma amiga ligou-me para saber de mim e deu-me a ideia de fazer ponto cruz. Adorei, e vou colocar em prática assim que tiver o material. Ideias, tenho muitas.

25 de outubro de 2017

Um mês complicado

Este mês não escrevi aqui. Não foi um mês complicado com trabalho e afazeres... foi um mês complicado para a minha saúde mental.

Como tinha escrito no post anterior, fiz a histerossalpingografia. Já me tinham dito que era doloroso, e eu li como era feito, por isso estava mais ou menos à espera. Só que não pensei que fosse assim. Não sei se eram nervos, o que sei foi que nunca gritei tanto. Eu tenho bastante tolerância à dor, e se calhar pensei que ia ser muito valente, mas não fui. O médico não me disse para eu tomar alguma coisa antes (como fez com a minha tia) e eu achei que não seria preciso. A minha mãe, que me foi acompanhar porque o S. não conseguiu sair do trabalho, trabalhou num local onde faziam este exame várias vezes por dia, e diz que me portei muito bem, principalmente para quem não tomou analgésicos... Ora, eu fiquei um pouco envergonhada com o meu comportamento, mas já passou.

Novidades... Acho que o que mais me tem custado neste processo todo é pensar que as coisas se estão a encaminhar, e de repente parece que dou um passo gigantesco para trás. Mal o médico começou a injectar o contraste, senti umas dores muito idênticas às do período, mas mais fortes, e ele percebeu de imediato o que poderia estar a acontecer. Continuámos o exame até ao fim. A notícia que trouxe de lá foi que tenho ambas as trompas obstruídas. Fiquei para morrer. Não estava à espera... primeiro os ovários, agora as trompas... Pela primeira vez saí do consultório e desatei a chorar no meio da rua, com a minha mãe a tentar acalmar-me.

Portanto, solução: Fertilização in vitro. Também não me ajudou muito a sentir-me mais animada. Ok, há solução, mas naquele consultório é cara. Sei o tamanho das listas de espera no público, e comecei a desanimar. Na semana seguinte estive de férias, e nunca tive umas férias em que me sentisse tão anímica. Bem queria não pensar no assunto, tentar divertir-me, mas não conseguia. De tempos a tempos lá estavam novamente os pensamentos que me traziam lágrimas aos olhos.

Claro que, felizmente, nem tudo são coisas más. Alguns familiares, que sabem da situação, ofereceram-se para nos ajudar, e vamos devolvendo o dinheiro consoante conseguirmos. Vi uma luz ao fundo do túnel, e fiquei mais animada de imediato; já me sentia outra, com energia renovada.

Fui à consulta na quinta-feira passada para os ensinos da medicação. Já tinha começado a tomar Provera para provocar a menstruação. O obstetra mandou-me ficar em casa. Ele sabe que no meu trabalho, para além de esforço físico que tenho tentado evitar, há stress (como em quase todos os trabalhos), há turnos rotativos (o que dá cabo do ciclo menstrual), e a alimentação é, na maioria das vezes, uma desgraça em termos de qualidade e também em horários. Então vim para casa com os seguintes objectivos: ter horários para dormir, mantendo um ciclo de sono regular; ter horários mais definidos para as refeições e ter uma alimentação mais saudável; andar mais calma e sem a correria do dia-a-dia; deixar de fumar. Tenho conseguido isto tudo, mas anda a custar-me estar em casa sem fazer nada, por isso ando a ler muito, a escrever bastante, a inventar na cozinha uma receita nova a cada dia, e irei arranjar forma de fazer capas para o meu telemóvel, que não tem nada à venda (é relativamente recente no mercado) e podem fazer-se coisas muito giras e totalmente personalizadas. E acho que irei rever o meu crochet :)

Hoje fiz a injecção de Elonva, e na próxima segunda-feira vou fazer análises de doseamento de progesterona e estrogénio, e vou à consulta. As restantes picas (Gonal-F e Cetrotide), devo começá-las nesse dia também. O período atrasou-se um bocadinho para aquilo que eu tinha pensado, mas agora está encaminhado.

Por agora, novidades são estas. Na próxima semana voltarei com mais para contar, desejando ter novidades boas para vocês.

25 de setembro de 2017

Depois de algum tempo...

Mais um mês passado. O mês de Setembro foi passado numa correria, nem dei por ele, e nem tive muito tempo para escrever.

Há cerca de uma semana tive mais um negativo nas mãos. Cada vez que abro o e-mail para receber essa notícias, vou um bocadinho mais a baixo.

Mantendo a calma, esta semana vou voltar ao médico, e terei de realizar a histerossalpingografia, ele já me tinha dito isto na consulta anterior. Andei a ler sobre o exame, e não me parece tão mau como eu pensava que era. A ver vamos, pelo menos fico a saber o que se passa cá dentro.

Mas escrevo porque, mais uma vez, e cada vez mais, estou cansada que as pessoas me digam as mesmas coisas: "não podes stressar", "não podes estar sempre a pensar nisso", "estar a pensar nisso a toda hora não ajuda"... Começo realmente a stressar-me quando as pessoas me dizem isso.

Primeiro ponto: é normal que no dia em que sei o resultado e no dia seguinte eu ande mais abatida... É o quarto teste que faço desde que comecei o tratamento. Isto não significa que eu tivesse esperança desmensurada, significa que, como todas as mulheres que estão a tentar engravidar (com tratamento ou não), tenho sempre um nível de esperança que me permite continuar a tentar sem desesperar, e, claro, nunca é bom receber um resultado negativo quando estamos a tentar engravidar.

Segundo ponto: não é por eu tentar mudar os meus hábitos que ando mais ansiosa. Eu sou fã da medicina indiana e da medicina chinesa, e há certas coisas a que eles dão importância que na nossa medicina nem se fala. Não vejo mal nenhum em utilizar com consciência algumas das informações das outras medicinas, nomeadamente em relação à alimentação, para ajudar um bocadinho mais no processo. Não significa que ande obcecada, significa que faço tudo o que posso, para preparar o meu corpo para a gravidez, e para que os bebés sejam saudáveis. Isso deixa-me mais feliz, e acho que é razão que baste.

Terceiro ponto: não tenho de contar a minha vida a toda a gente que conheço. Não significa isso que goste mais ou menos das pessoas, significa que há pessoas com quem me faz sentido partilhar este tipo de coisas e com outras pessoas não faz. Significa que tenho pessoas na minha vida, algumas já com filhos e outras ainda não, que me percebem melhor do que outras, que não me julgam, que não me deixam stressada com comentários, que não me dizem as coisas que toda a gente diz e que são senso comum, mas que falam com o coração, e é disso que preciso. Há pessoas que não precisam abrir a boca para eu já saber que vem dali mais uma frase feita, basta-me olhar para elas.

Quarto ponto: Já não é fácil saber que tenho problemas e um estilo de vida que tornam a gravidez mais difícil. Não preciso que me estejam constantemente a lembrar que "muita gente tenta durante anos e não consegue"... A sério?! Acham que é isso que uma mulher na minha situação quer ouvir? Por mais verdade que seja, não precisamos fazer estas comparações. Não quero sequer pensar nisso, porque, ao contrário do que possam pensar e do que vocês fazem com este tipo de comentários (que eu percebo que sejam para ajudar, mas não ajudam), eu prefiro viver um dia de cada vez e não pensar num futuro que ainda se encontra distante.

Agradeço a todos a preocupação, acredito do fundo do coração que quando me dizem essas coisas é com boa intenção, mas... não... dêem-me um abraço ou algo do género, se quiserem dar-me alguma força. Abraços dos amigos sabem sempre bem :)

Este post serviu de desabafo, porque realmente precisava falar destas coisas todas. Por agora é tudo. Assim que tiver novidades em relação ao exame, eu escreverei.

22 de agosto de 2017

O final do terceiro ciclo

Os mais atentos terão percebido que se não tinha escrito nada no dia 19, que não teria boas notícias. É verdade, mais um mês sem o resultado positivo.

Fui fazer a análise ao sangue no dia 18, sexta-feira, e admito que estava com algum fé, depois de tudo o que o médico me tinha dito na última consulta. Até consegui trocas no trabalho para ficar em casa de sexta a segunda, porque se o teste desse positivo eu não ia querer ir trabalhar até ir à consulta, preferindo ficar sossegadinha em casa.

O S. foi comigo buscar o resultado. Nunca tinha ido, porque na clínica onde eu ia anteriormente os resultados estavam disponíveis apenas no dia seguinte, mas desta vez fui a uma clínica onde no mesmo dia, ao final da tarde, já podia ir buscá-los. Quis ser ele a abrir e a ver primeiro o resultado. Claro que deixei. A expressão dele foi confusa. Primeiro pensei "é negativo"; de seguida pensei "ele está a disfarçar para a surpresa ser maior", até que ele abana a cabeça e caiu-me tudo ao chão. Perdi a fome, fiquei de lágrimas nos olhos, e só quis vir para casa enfiar-me no sofá.

Ainda bem que não fui trabalhar nesse dia nem nos dias seguintes. Estava um bocado em baixo. Comecei logo a recordar tudo o que tinha feito no último mês: tinha feito tudo certinho? Não tinha feito esforços? Teria eu feito alguma coisa que dificultasse o processo?

Claro que, por mais que eu não pense nisso a maioria dos dias, quando sai um resultado negativo tenho uma certa tendência para me culpabilizar, mesmo que com razões que não fazem sentido, e eu sei que não fazem.

O red ainda não apareceu, por isso vou esperar que apareça para enviar mensagem ao médico e marcar a próxima consulta.

Ontem o S. disse-me que tenho de relaxar mais, que ando sempre a pensar nisso e que não faz bem. Eu estive a pensar nisso, e não vejo nada as coisas assim. Eu gosto de andar informada, por isso leito muito, sobre esta assunto e outros. Não ando sempre a pensar nisto; penso o suficiente para fazer as coisas como deve ser. Nem sequer ando stressada com isto, simplesmente gosto de manter o optimismo, e é normal que quando vem um resultado destes eu me vá abaixo. E não levei muito a peito o que ele disse: ele também ficou muito em baixo desta última vez; acho que ainda tinha mais esperança do que eu e estava disposto a colocar as mãos no fogo em como seria positivo.

Mas tenho muita sorte, sabem? Tenho muitos amigos que me apoiam, e alguns deles nem sequer estão em Portugal, mas enchem-me de mimos. Tenho uma mãe e um namorado que fazem de tudo para que durante o ciclo de tratamento eu não faça muitas coisas mais pesadas em casa, que me apoiam nas idas às consultas (só fui uma vez sozinha, e não gostei), que me fazem as vontades de me levar a passear para eu tirar a cabeça do  que se passa no trabalho. Assim é sempre tudo mais fácil.

Bem, é isto. Vou aguardar e depois trarei mais novidades.

11 de agosto de 2017

Mais uma semana se passou

Cerca de uma semana se passou... Esta foi a semana mais importante dos treinos. Apesar de não ter tido folgas, e de ter dois dias a trabalhar 12 horas, tenho tentado manter os meus níveis de stress no mínimo... acho que ando a gerir bem.

Amanhã começo com os compridos de progesterona, e na próxima sexta-feira é o dia do teste da beta hcg, que já marquei. Acho que nunca fui tão certinha com estas coisas, normalmente deixo para a última. O resultado vou buscar no sábado.

Já me perguntaram algumas vezes se me sinto diferente, mas penso que ainda é cedo para dizer. O que sinto pode ser muita coisa. Não quero pensar muito nisso.

Tenho descansado o máximo que me é possível. Em casa raramente me deixam fazer alguma coisa, e até no trabalho normalmente evitam que fique com o maior esforço. Só tenho a agradecer a estes colegas, têm sido fantásticos.

Daqui a uma semana conto mais novidades. Gostava muito de ter notícias de bebés para vos dar.

4 de agosto de 2017

Novidades Fresquinhas

Ontem fui a nova consulta, e vim de lá com outro ânimo. Os meus ovários estão a trabalhar bem, tão bem que me mandaram parar as injecções de Gonal-F. O meu problema este mês não será na ovulação, essa parte está controlada, a funcionar optimamente. Só que esta medicação de estimulação ovárica, explicou-me o médico, pode causar problemas no endométrio, que não tem espessura suficiente, e tem de ser estimulado. Por isso, hoje fiz a injecção de Ovitrelle 250 (toma única), e começam os treinos. No final da próxima semana começo a fazer progesterona em comprimidos, para estimular o endométrio, até menstruar, ou (se Deus quiser) até dia 19, dia em que saber o resultado do novo teste da beta hcg. 

Apesar de saber que nada é certo, quando vi os meus ovários na ecografia, cheios de folículos, fiquei com mais esperança que seja desta.

Todas as pessoas me dizem para relaxar, não pensar muito nisso porque o stress não ajuda, e é isso que tenho feito, quer acreditem ou não... começo é a ficar um bocadinho desesperada cada vez que me dizem uma coisa dessas, porque, sabendo que a intenção é boa, parte de mim sente-se culpada quando ouve aquelas coisas.

Voltanto ao assunto importante, os meus ovários estão tão bem que existe a possibilidade de gravidez de gémeos ou trigémeos. Os gémeos, eu adorava. Se viesse um casalinho era mesmo perfeito. Trigémios, nunca tinha pensado nisso. E só ontem o meu marido me disse que tem gémeos na família, mais um factor a contribuir.

Mas falando muito a sério e do fundo do coração, venham quantos vierem, e venham meninos ou meninas, o importante é que sejam saudáveis. Temos muito amor para dar e muito desejo de ter o filhote (ou filhotes) nos braços.

2 de agosto de 2017

O Terceiro Tratamento

Hoje e terça-feira. Já terminei a fase de tomar Dufine no domingo, e ontem reiniciei a Gonal-F. O stress tem surgido um pouco na minha vida estes últimos dias, porque tive uns turnos complicados no trabalho. Quinta-feira irei a nova consulta para perceber como estou a funcionar. Claro que, como todos os casais que estão a tentar engravidar, queremos muito que seja desta. Vou-vos pondo a par ;) 

18 de julho de 2017

O Agora...

No segundo tratamento levei as coisas de maneira diferente: estive de férias, consegui evitar esforços e stress... Mesmo quando voltei ao trabalho andei mais calma. A sério que andei, acho que as férias me fizeram bem e consegui gerir muito bem o stress.

Estava a trabalhar há uma semana quando chegou o dia de fazer o teste de gravidez. O período deveria ter aparecido no domingo, segunda fiz a análise da beta-hcg, e terça fui buscar o resultado. Ora, aquilo que sabia era que na consulta, cerca de três semanas antes, os dois ovários estavam a funcionar, e que o útero é que não tinha espessamento suficiente, mas como ia continuar com as injecções de gonal-F podia resolver. Juro que até terça-feira de manhã a minha opinião em relação a estar ou não estar grávida era muito neutra. Não quis mesmo meter na cabeça que sim ou que não, com medo de isso me stressar.

Só que terça-feira de manhã quando vi que ainda estava em atraso realmente acendeu-se uma chama de esperança... uma chama grande, quase uma fogueira. Conseguem imaginar como é que eu me senti quando abri a carta e afinal não estava? Só me apetecia chorar. Quase não falei o resto da manhã e da tarde, não me apetecia falar. Quase não chorei apesar de me apetecer. Tinha de manter a firmeza, não podia deixar que isto de abatesse. Não queria que todos me vissem a chorar e sentissem pena. Chorei um bocadinho, e depois parei e pensei que tinha de ser forte e manter os pensamentos positivos para o próximo mês. Afinal, foram só dois tratamentos.

Quarta e quinta-feira fui trabalhar, e consegui distrair-me e retomar a boa disposição e positivismo, apesar de haver momentos em que me concentro mais nos meus problemas e vou um pouco abaixo.

Hoje, sexta-feira, estou de folga. Estava a ver uns e-mails e lembrei-me da ideia do blog, que me foi dada pela minha amiga I.

E aqui estou. Vou continuar a escrever sobre o tratamento e os resultados, enquanto estiver a fazer. Quando engravidar, virá um novo assunto para escrever no blog.

Vamos com calma, esperança e coração cheio de Amor para dar :)

Depois de procrastinar...

Depois de andar a adiar, decidi finalmente ir em frente com a ideia de fazer um blog. Foi a minha amiga I. que me falou de fazer um blog sobre a minha gravidez, e começando exactamente nos contratempos. Gosto de escrever e preciso ocupar a minha cabeça, e ao mesmo tempo arranjar uma forma de "deitar cá para fora" algumas coisas. Para começar, tenho de vos contar a minha história... vou fazer um resumo neste post. Nos posts seguintes, vou actualizando quem ler o meu blog com o que se for passando. 

Tenho 31 anos, e desde nova que quero ser mãe. Acho que a primeira vez que pensei nisso mesmo a sério foi aos 24 anos, que já estava preparada e queria muito segurar um filho meu nos braços. A vida não me trouxe as melhores condições, ou por falta de trabalho, ou por falta de estabilidade na relação actual. 

Tudo mudou desde que estou com o S. Sempre falámos do desejo de ter filhos, e tivemos de nos conter um pouco para não começar logo a tentar, porque primeiro tínhamos de nos organizar numa vida a dois, para podermos ser mais. 

Não vou contar tudo o que se passou, todos os exames que fiz, análises, e tudo o que me passou pela cabeça. O que interessa é: mesmo a tomar a pílula, deixou de me aparecer a menstruação. Não era gravidez. Fiz a primeira ecografia endovaginal em Setembro de 2016, e disseram-me que não tinha alterações nenhumas. Análises, estava tudo bem. Tudo o resto estava bem. Deixei passar, pensei que fosse algum descontrolo hormonal ou algo assim, e que fosse passageiro. No final do ano continuei com o mesmo problema. Tinha tido umas perdas pequeninas em Novembro, e mais nada. Em Janeiro procurei um ginecologista que fosse de confiança. Em Fevereiro fiz nova ecografia, já nesse novo médico, e aí fico a saber que tenho síndrome dos ovários poliquísticos. Sem grande stress, a minha mãe também tem e eu aqui estou. Mas sabia que ia dificultar um bocadinho as coisas. 

Fiz 4 meses de Diane 35 para regular o ciclo menstrual. Quando os ovários estavam "limpinhos" comecei o tratamento com Dufine + Gonal-F + Ovitrel. 

Ao fim do primeiro ciclo tinha alguma esperança, mas o período apareceu a tempo e horas, por isso ergui a cabeça e segui em frente para um novo ciclo.

No final do segundo ciclo, novamente resultado negativo.

Por isso comecei o terceiro. E aqui estou a contar-vos a minha história.