2 de novembro de 2017

Contagem decrescente: punção (colheita)

Hoje vim da consulta com um sentimento de dualidade... Vou contar primeiro o que se passou, e depois explico o que sinto.

Os meus ovários estão bem, e continuam com lindos folículos, que cresceram bem. Portanto, luz verde para a punção de colheita de oócitos, que está já agendada para sábado, às 09h30. Até aqui eu já dava pulinhos de alegria.

O problema agora é o endométrio. Com a hiperestimulação dos ovários provocada pela medicação, o endométrio também acabou por ficar hiperestimulado, não sendo, neste momento, um meio ideal para a nidação dos bebés. Com isto fiquei triste, como devem calcular, apesar de, em parte, já estar à espera, visto que ele me tinha alertado para tal na última consulta. Os embriões serão congelados, para ficarem prontinhos para mim. Entre domingo e terça, todos os dias, vão estar em contacto comigo para eu ir sabendo a evolução dos pequeninos (quantos fecundaram, em que fase estão, quando são congelados, etc.).

Por isso o plano é o seguinte: vou fazer a punção no sábado, e durante 2 a 3 dias (portanto, até segunda) vou ficar mais sossegadinha, porque inclusive vou ficar com dores (afinal, é um procedimento invasivo). De sábado até segunda, inclusive, vou tomar um comprimido de cabergolina por dia. Não fiquei a perceber muito bem a razão específica, sou sincera, porque fiquei com a cabeça a andar a mil à hora. Pelo que percebi esta medicação (muito usada inibição da lactação; desta parte eu sabia por ter estudado na faculdade), é também usada em situações como amenorreia e anovulação, sendo utilizada por vezes em situações de infertilidade.

Portanto, durante 3 dias tomo um comprimido destes, que acho que dá um mau-estar horrível, incluindo tonturas, e outros que tais, sendo por isso mesmo recomendado que eu fique o mais quietinha possível.

Depois, na terça, começo novamente com o esquema de Provera que fiz no início deste mês, ou seja, dois comprimidos por dia, durante 10 dias. A menstruação irá aparecer poucos dias depois de terminar o esquema, e antes disso vou a uma consulta, para ver como isto está a correr. Isto deve ser lá para dia 18 a 20 de Novembro.

Por último, faço uns dias de medicação específica para a preparação do endométrio, que eu não sei qual é, e dia 4 de Dezembro posso partir para a transferência dos embriõezinhos! Ele ainda me perguntou se eu queria esperar por Janeiro, visto que há pessoas que preferem esperar pelo novo ano, mas eu disse logo "não, não, se não houver problema, é já em Dezembro!". Como não há diferença, é só mesmo uma questão de preferência e organização dos papás, estou a apontar mesmo para essa data, entre 4 e 5 de Dezembro.

Pronto, foi isto que se passou. Saí de lá feliz porque está tudo a correr como ele esperava, mas claro que mantive a esperança de fazer já o procedimento todo este mês até ele me dizer que não, por isso metade de mim ficou triste.

Claro que ter datas definidas é uma mais valia, porque mostra que ele sabe o que faz e que sabe os efeitos que a medicação têm. A verdade é que tudo tem acontecido como ele tem dito. Se ele me dissesse "depois vemos como corre" eu ficava desolada. Mas eu sei que ele tem muita experiências, já foi ele que fez o "meu" parto quando nasci, e sei de várias situações de sucesso seguidas por ele, e por isso confio totalmente.

Quando contei ao S. acho que ele ficou com o mesmo sentimento que eu... Mais um mês à espera, mas pronto, que seja pelo melhor. Não vamos ter pressa, nestas situações não vale mesmo a pena.

Sexta-feira não devo escrever. Assim que me sentir confortável após a punção de sábado, conto-vos as novidades.

3 comentários:

  1. Minha querida, os tratamentos de fertilidade são provas bastante duras à nossa resiliência e paciência também. No inicio também queria tudo "para ontem" como se diz na gíria, mas esta passagem pela infertilidade ensinou-me que não há cá datas marcadas, nem vale a pena criarmos grandes expectativas.

    Espero que não conheças os percalços deste caminho, mas caso tenhas que adiar a TEC ou qualquer outro percalço não deixes que isso que afecte em demasia... o caminho é longo mas vamos caminhando.

    Não me leves a mal, mas só te deixo este conselho porque temos que ser incrivelmente fortes perante as adversidades, e nisto da infertilidade há muitas mais que aquelas que estamos a contar.

    Obviamente que espero que corra tudo extamente como desejas e 2018 seja um grande ano para ti e para a tua família.

    Beijinho

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    1. Minha querida, agradeço a tua partilha, e não levo nada a mal. Eu sei que este caminho não é cor-de-rosa, não é fácil como desejaríamos que fosse. O que eu aqui escrevo é metade daquilo que eu vou sentido e pensando ao longo dos dias. Há coisas que nem consigo colocar em palavras.

      Sei bem que tenho de ir caminhando com os pés bem assentes na terra, e pensar que pode não correr como previsto. Claro que sei que há o risco das datas serem alteradas, de não correr como esperado, e se assim for cá estarei para me erguer novamente e continuar em frente.

      Tento é não me massacrar com esses pensamentos, se não acreditar que pode correr bem vou estar a sofrer por antecipação, e isso não ajuda em nada.

      Não desejo o que já passei a ninguém, e não consigo imaginar a dor de quem já tentou várias vezes tudo o que podia e não conseguiu. Desejo é que todas nos consigamos concretizar este sonho da maioria das mulheres.

      Um grande beijinho, e obrigada pela partilha.

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    2. Ainda bem que tens a inteligência emocional de não sofrer por antecipação :-) Eu, infelizmente, ainda não consigo...

      Beijinho grande e pensamento positivo!
      Vai correr tudo bem!!

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