22 de agosto de 2017

O final do terceiro ciclo

Os mais atentos terão percebido que se não tinha escrito nada no dia 19, que não teria boas notícias. É verdade, mais um mês sem o resultado positivo.

Fui fazer a análise ao sangue no dia 18, sexta-feira, e admito que estava com algum fé, depois de tudo o que o médico me tinha dito na última consulta. Até consegui trocas no trabalho para ficar em casa de sexta a segunda, porque se o teste desse positivo eu não ia querer ir trabalhar até ir à consulta, preferindo ficar sossegadinha em casa.

O S. foi comigo buscar o resultado. Nunca tinha ido, porque na clínica onde eu ia anteriormente os resultados estavam disponíveis apenas no dia seguinte, mas desta vez fui a uma clínica onde no mesmo dia, ao final da tarde, já podia ir buscá-los. Quis ser ele a abrir e a ver primeiro o resultado. Claro que deixei. A expressão dele foi confusa. Primeiro pensei "é negativo"; de seguida pensei "ele está a disfarçar para a surpresa ser maior", até que ele abana a cabeça e caiu-me tudo ao chão. Perdi a fome, fiquei de lágrimas nos olhos, e só quis vir para casa enfiar-me no sofá.

Ainda bem que não fui trabalhar nesse dia nem nos dias seguintes. Estava um bocado em baixo. Comecei logo a recordar tudo o que tinha feito no último mês: tinha feito tudo certinho? Não tinha feito esforços? Teria eu feito alguma coisa que dificultasse o processo?

Claro que, por mais que eu não pense nisso a maioria dos dias, quando sai um resultado negativo tenho uma certa tendência para me culpabilizar, mesmo que com razões que não fazem sentido, e eu sei que não fazem.

O red ainda não apareceu, por isso vou esperar que apareça para enviar mensagem ao médico e marcar a próxima consulta.

Ontem o S. disse-me que tenho de relaxar mais, que ando sempre a pensar nisso e que não faz bem. Eu estive a pensar nisso, e não vejo nada as coisas assim. Eu gosto de andar informada, por isso leito muito, sobre esta assunto e outros. Não ando sempre a pensar nisto; penso o suficiente para fazer as coisas como deve ser. Nem sequer ando stressada com isto, simplesmente gosto de manter o optimismo, e é normal que quando vem um resultado destes eu me vá abaixo. E não levei muito a peito o que ele disse: ele também ficou muito em baixo desta última vez; acho que ainda tinha mais esperança do que eu e estava disposto a colocar as mãos no fogo em como seria positivo.

Mas tenho muita sorte, sabem? Tenho muitos amigos que me apoiam, e alguns deles nem sequer estão em Portugal, mas enchem-me de mimos. Tenho uma mãe e um namorado que fazem de tudo para que durante o ciclo de tratamento eu não faça muitas coisas mais pesadas em casa, que me apoiam nas idas às consultas (só fui uma vez sozinha, e não gostei), que me fazem as vontades de me levar a passear para eu tirar a cabeça do  que se passa no trabalho. Assim é sempre tudo mais fácil.

Bem, é isto. Vou aguardar e depois trarei mais novidades.

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