31 de outubro de 2017

Mais um passinho em frente

Como disse, ontem fui à consulta. Saí de lá animada, embora nem tudo seja 100% boas notícias, também não posso dizer que hajam más notícias propriamente ditas. 

Estou um pouco cansada, é só isso.. cansada porque há pouco mais de um anos atrás, supostamente estava tudo bem com a ecografia endovaginal, que não revelava quaisquer alterações nos ovários. Eu não menstruava, mas se estava tudo bem, fiquei calma. Depois disso, fiz vários testes de gravidez... três, para ser mais precisa... Afinal, quando falha a menstruação, é possível que a mulher esteja grávida, certo?

Em Janeiro, cansada da situação, resolvi procurar outro medico. Ele não precisou  se muito para saber o que se passava, bastou praticamente estar atento aos sintomas que eu descrevia, e depois confirmou com ecografia. Em Janeiro descobri que, afinal, tenho ovários poliquísticos. 

Pronto, não era o fim do mundo. Fiz 4 meses de Diane 35 para regular os ciclos e "limpar" os ovários. Esta pílula é uma bomba... Sofri alterações de humor, ao ponto de haver dias em que não me reconhecia no meio daquela constante montanha-russa...num momento estava muito bem, e de repente dava por mim a gritar irritada por coisas de nada, mas segundos mais tarde chorava como se não houvesse amanhã; o meu corpo sofreu alterações também visíveis, como pernas pesadas e cansadas (às vezes custava-me mesmo andar), ganho de peso, cefaleias intensas... Mas pronto, era tudo para ficar bem, para dali a pouco tempo conseguir ter o meu feijãozinho na barriga. 

Fiz 3 tratamentos hormonais, e nada. A cada testes negativo eu venho cada vez mais ao fundo. Não há mesmo muito que se possa dizer a uma mulher que passa por isto, um abraço e deixar chorar até ter deitado tudo cá para fora é mesmo o melhor remédio para mim. 

No mês passado resolvemos fazer a histerossalpingografia, porque o tratamento não resultava, e os ovários estavam bem. Pensei que fosse por causa da ansiedade, dos turnos rotativos, dos esforços, mas afinal não, tenho ambas as trompas obstruídas. Com isto, resta-me a FIV. Nesse dia saí com a sensação de que de cada vez que dava um passo para a frente, passado pouco tempo voltava a andar para trás.

Sim, saí hoje com boas notícias. Não tenho muito folículos (5 ou 6 em cada ovário), mas estão todos do mesmo tamanho, o que significa que estão a maturar ao mesmo tempo e estarão prontos para a colheita na mesma fase, e assim posso colher todos, sem deixar "morrer" nenhum porque maturou numa fase diferente dos outros. 

Sim, em princípio sábado (hoje é terça) é dia para a colheita. Está tudo a correr bem e depressa. Mas o endométrio está a sofrer com esta hiperestimulação... Não sabemos se estará preparado, e se não estiver, congelam-se os embriões para eu ter tempo de fazer mais medicação, desta vez para o endométrio (já fiz uma vez), e só depois se procede à transferência. 

Ok, já não falta tudo. Está tudo a correr bem, dentro das dificuldades todas que tive, e não é por mais uns dias que vou desesperar. Mas estou cansada deste processo todo, que começou por ser "nada", para o que é agora.

Tenho tanto a agradecer às pessoas que me têm apoiado. Ontem depois da consulta o meu telemóvel encheu-se de mensagens e telefonemas para saber como tinha corrido. É nestas alturas que vemos quem se preocupa connosco, e graças a Deus que eu tenho tido muita gente a dar-me força. Eu também não sou uma pessoa muito fácil, e por vezes é difícil deixar "entrar" alguém nos meus sentimentos e emoções, porque eu ajo como se estivesse tudo bem mesmo quando não está, não estico o assunto mesmo quando me fazem perguntas, e não é por não querer ou não precisar de falar.

Espero que dê resultado à primeira... espero isto com todo o meu ser, para começar uma nova etapa há tanto desejada.

De resto, aquilo que peço é, do fundo do coração: esteja já pronta para a transferência da FIV para a semana, ou tendo de esperar mais um bocadinho, só quero duas coisas, do fundo do coração: ter uma gravidez sem problemas, e também que o meu bebé (ou bebés) seja saudável. O resto... O resto vou aguentando.

30 de outubro de 2017

É hoje...

Acordei cedinho para as análises, e à tarde tenho a consulta. Ao final da tarde ou amanhã escrevo o que se passou. Não posso deixar de estar ansiosa e na expectativa.

Desejam-me sorte, para que esteja tudo a correr bem.

28 de outubro de 2017

Uma semana já está

Ontem foi o último dia da menstruação. Tenho-vos a dizer que esta semana foi complicada, porque todos os dias eu tinha muitas dores menstruais, como referi no post anterior. Hoje sinto-me melhor, mas já não sei se é da minha cabeça, de vez em quando continuo a sentir desconforto abdominal.

Estou desejando que chegue segunda-feira, para dar mais um passo em frente para a FIV. Já passei a fase de andar a pesquisar como é que se faz vezes e vezes sem conta. Já li muitos testemunhos de mulheres que também fizeram ou vão fazer FIV. Agora quero relaxar um bocadinho, e não pensar muito nisto. Acho que li tanta coisa que começou a aumentar a minha ansiedade. É bom sabermos os vários cenários possíveis para estarmos o mais preparados possível para o que pode acontecer, mas cheguei a um ponto em que se leio de mais histórias sem sucesso, sinto lágrimas nos olhos. Por isso, vou aproveitar o fim-de-semana para namorar muito e descansar a minha cabeça de tudo o que fui apreendendo ao longo destes dias. Confio muito no meu médico, e acho que isso é extremamente importante. Tenho um bocadinho de medo da sedação para a recolha, mas vou confiar que tudo vai correr bem. Afinal, eles sabem o que estão ali a fazer.

Agora que tenho menos dores, também vou andar mais animada, espero eu. Já me sinto com mais força para começar uma vida mais normal aqui em casa. Ontem, que as dores já estavam mais controladas, fiz o jantar (uma massada de carne picada, com ervilhas e tomate aos cubos) e ainda uma mousse de chocolate para sobremesa. Aprendi uma coisa sobre mim ao longo dos anos: se estou a cozinhar, é porque estou feliz. Adoro cozinhar, e até considero terapêutico.

Bem, por agora é tudo. Segunda-feira trago mais novidades.

27 de outubro de 2017

Manter a sanidade mental

Desde que esta semana começou que tenho andado com mais dores. Eu sempre tive muitas dores menstruais, e quando comecei a tomar a pílula, ainda em adolescente, foi exactamente para atenuar estes sintomas.

Nos últimos dias quase não largo o sofá nem o saco de água quente, que é o que mais me ajuda no alívio destas dores. A ajudar, tenho uma brutal tendinite no meu braço direito... Boa?! Mas desta última parte estou a melhorar de dia para dia, visto que até tenho andado mais em repouso.

Hoje até acordei bem. Sentia algum desconforto abdominal mas nada de especial. Fiz a minha vidinha cá por casa, e senti que o pior tinha passado. Cerca das 14h, novamente um dor que chega a parecer cólica renal (não é... já tive, e noto diferença). Lá voltei eu de saco de água quente para o sofá.

Já marquei as análises para segunda-feira e também a consulta com o obstetra. Espero trazer boas notícias, embora não saiba muito bem o que será, visto que só fiz a injecção de Enlova e ando a tomar Decadron. O resto da medicação é para iniciar só para a semana.

Sei que preciso de me ocupar. Com o ritmo que costumo ter, nem uma semana tenho de baixa e já começo a querer inventar coisas para fazer. Ontem uma amiga ligou-me para saber de mim e deu-me a ideia de fazer ponto cruz. Adorei, e vou colocar em prática assim que tiver o material. Ideias, tenho muitas.

25 de outubro de 2017

Um mês complicado

Este mês não escrevi aqui. Não foi um mês complicado com trabalho e afazeres... foi um mês complicado para a minha saúde mental.

Como tinha escrito no post anterior, fiz a histerossalpingografia. Já me tinham dito que era doloroso, e eu li como era feito, por isso estava mais ou menos à espera. Só que não pensei que fosse assim. Não sei se eram nervos, o que sei foi que nunca gritei tanto. Eu tenho bastante tolerância à dor, e se calhar pensei que ia ser muito valente, mas não fui. O médico não me disse para eu tomar alguma coisa antes (como fez com a minha tia) e eu achei que não seria preciso. A minha mãe, que me foi acompanhar porque o S. não conseguiu sair do trabalho, trabalhou num local onde faziam este exame várias vezes por dia, e diz que me portei muito bem, principalmente para quem não tomou analgésicos... Ora, eu fiquei um pouco envergonhada com o meu comportamento, mas já passou.

Novidades... Acho que o que mais me tem custado neste processo todo é pensar que as coisas se estão a encaminhar, e de repente parece que dou um passo gigantesco para trás. Mal o médico começou a injectar o contraste, senti umas dores muito idênticas às do período, mas mais fortes, e ele percebeu de imediato o que poderia estar a acontecer. Continuámos o exame até ao fim. A notícia que trouxe de lá foi que tenho ambas as trompas obstruídas. Fiquei para morrer. Não estava à espera... primeiro os ovários, agora as trompas... Pela primeira vez saí do consultório e desatei a chorar no meio da rua, com a minha mãe a tentar acalmar-me.

Portanto, solução: Fertilização in vitro. Também não me ajudou muito a sentir-me mais animada. Ok, há solução, mas naquele consultório é cara. Sei o tamanho das listas de espera no público, e comecei a desanimar. Na semana seguinte estive de férias, e nunca tive umas férias em que me sentisse tão anímica. Bem queria não pensar no assunto, tentar divertir-me, mas não conseguia. De tempos a tempos lá estavam novamente os pensamentos que me traziam lágrimas aos olhos.

Claro que, felizmente, nem tudo são coisas más. Alguns familiares, que sabem da situação, ofereceram-se para nos ajudar, e vamos devolvendo o dinheiro consoante conseguirmos. Vi uma luz ao fundo do túnel, e fiquei mais animada de imediato; já me sentia outra, com energia renovada.

Fui à consulta na quinta-feira passada para os ensinos da medicação. Já tinha começado a tomar Provera para provocar a menstruação. O obstetra mandou-me ficar em casa. Ele sabe que no meu trabalho, para além de esforço físico que tenho tentado evitar, há stress (como em quase todos os trabalhos), há turnos rotativos (o que dá cabo do ciclo menstrual), e a alimentação é, na maioria das vezes, uma desgraça em termos de qualidade e também em horários. Então vim para casa com os seguintes objectivos: ter horários para dormir, mantendo um ciclo de sono regular; ter horários mais definidos para as refeições e ter uma alimentação mais saudável; andar mais calma e sem a correria do dia-a-dia; deixar de fumar. Tenho conseguido isto tudo, mas anda a custar-me estar em casa sem fazer nada, por isso ando a ler muito, a escrever bastante, a inventar na cozinha uma receita nova a cada dia, e irei arranjar forma de fazer capas para o meu telemóvel, que não tem nada à venda (é relativamente recente no mercado) e podem fazer-se coisas muito giras e totalmente personalizadas. E acho que irei rever o meu crochet :)

Hoje fiz a injecção de Elonva, e na próxima segunda-feira vou fazer análises de doseamento de progesterona e estrogénio, e vou à consulta. As restantes picas (Gonal-F e Cetrotide), devo começá-las nesse dia também. O período atrasou-se um bocadinho para aquilo que eu tinha pensado, mas agora está encaminhado.

Por agora, novidades são estas. Na próxima semana voltarei com mais para contar, desejando ter novidades boas para vocês.